Papa Leão XIV pede unidade e “espírito missionário” durante missa inaugural

LONDRES e ROMA — O Papa Leão XIV falou no domingo sobre os tempos extraordinários durante os quais foi elevado ao papado, dizendo em sua primeira homilia como pontífice que ele enfrentará a tarefa "com temor e tremor", enquanto ainda buscará servir a todos com "fé e alegria".
A homilia foi proferida durante a missa inaugural do papa americano, chamada Santa Missa de Início de Pontificado, na Basílica de São Pedro, no Vaticano. Um papamóvel conversível levou Leo na manhã de domingo pela Praça de São Pedro, onde cerca de 100 mil pessoas se reuniram para vê-lo, segundo a assessoria de imprensa do Vaticano.
O papa disse durante sua homilia que há "muita discórdia, muitas feridas causadas pelo ódio, pela violência, pelo preconceito, pelo medo da diferença e pelo paradigma econômico que explora os recursos da Terra e marginaliza os mais pobres".

Ele pediu que os 1,4 bilhão de católicos do mundo adotem um "espírito missionário", em vez de se fecharem "em nossos pequenos grupos". Ele pediu que os fiéis abandonem o sentimento de serem "superiores ao mundo".

“Somos chamados a oferecer o amor de Deus a todos, para alcançar aquela unidade que não anula as diferenças, mas valoriza a história pessoal de cada um e a cultura social e religiosa de cada povo”, disse ele.
Os participantes da missa, que marca o início oficial do papado de Leo, incluíam o vice-presidente JD Vance e o secretário de Estado Marco Rubio, além de outras figuras políticas e dignitários religiosos.

O primeiro-ministro canadense, Mark Carney, e o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, estavam presentes. Representantes das igrejas ecumênica, judaica, muçulmana, hindu, budista, sikh, zoroastriana e jainista também estavam presentes, informou a assessoria de imprensa da Santa Sé do Vaticano.

Vance e o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskyy se cumprimentaram e apertaram as mãos antes da missa. O Vaticano informou que o papa deve ter uma audiência privada com Zelenskyy no domingo. O papa se encontrou com a presidente peruana Dina Boluarte antes da missa, informou o Vaticano.

Leo, ex-cardeal Robert Prevost, é um homem de 69 anos, natural de Chicago, Illinois. Eleito em 8 de maio, ele é o primeiro americano a liderar a Igreja.
Durante a cerimônia, o cardeal filipino Luis Antonio Tagle presenteou Leo com o Anel do Pescador. Leo usará esse anel, que homenageia São Pedro, o primeiro papa, durante todo o seu pontificado.
O Papa Francisco, antecessor de Leão, faleceu em 21 de abril, após receber alta de uma internação hospitalar de semanas. O recém-empossado pontífice também lhe prestou homenagem, dizendo no domingo que sua morte "encheu nossos corações de tristeza".
E ele deu algumas dicas sobre o conclave papal que o elegeu no início deste mês.

Enquanto 133 cardeais se reuniam na Capela Sistina, eles "puderam sentir a ação do Espírito Santo", disse Leo à multidão no domingo, acrescentando que o espírito "foi capaz de nos harmonizar, como instrumentos musicais, para que as cordas do nosso coração pudessem vibrar em uma única melodia".
"Fui escolhido, sem nenhum mérito meu, e agora, com temor e tremor, venho a vocês como um irmão", disse ele, "que deseja ser servo de sua fé e de sua alegria, caminhando com vocês no caminho do amor de Deus, pois ele quer que todos nós estejamos unidos em uma família."

Quando a Oração Regina Caeli foi lida, perto do final da missa, a multidão na praça e nas ruas ao redor havia aumentado para cerca de 200.000 pessoas, de acordo com a assessoria de imprensa do Vaticano.

Em discurso antes da oração, Leo deu calorosas boas-vindas aos milhares, agradecendo a muitos por fazerem peregrinações de longe. Ele disse que durante a missa "sentiu fortemente a presença espiritual do Papa Francisco nos acompanhando do céu". E encerrou pedindo aos fiéis que "apoiem e confortem aqueles que sofrem".
"Na alegria da fé e da comunhão, não podemos esquecer nossos irmãos e irmãs que sofrem por causa da guerra", disse ele. "Em Gaza, as crianças, famílias e idosos sobreviventes estão reduzidos à fome. Em Mianmar, novas hostilidades ceifaram vidas de jovens inocentes. Finalmente, a Ucrânia devastada pela guerra aguarda negociações para uma paz justa e duradoura."
Megan Forrester e Clark Bentson, da ABC News, contribuíram para esta reportagem.
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